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Clóvis Medeiros: Morreu um grande homem!!!

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Estava em minha propriedade em São Francisco de Assis quando me trouxeram a triste notícia: o teu compadre Fifo sofreu um sério acidente no trabalho. Em alguns dias foi declarada sua morte cerebral. Nunca estamos preparados para a morte. Mesmo se for de um velhinho ou de um paciente de uma doença incurável. Mas a morte do padrinho da minha filha foi além dos lutos conhecidos. Vos falo aqui de traços da sua existência, de sua personalidade. Ele amava sua família, acreditava em Deus e no trabalho. Dedicou-se ao trabalho com afinco. Fifo não era apenas um cidadão comum, foi além. Foi muito maior do que as muidezas da vida cotidiana, enquanto essa seguia seu curso. Foi um cidadão benemérito que deve ser tomado como exemplo. Estava acima das circunstâncias. Pelo seu caráter ilibado, pela predisposição de ajudar o próximo e as instituições, marcava presença nas iniciativas sociais e comunitárias, nos dramas pessoais e familiares.  Patrocinou, apoiou, incentivou.  Mesmo assoberbado de trabalho, achava tempo para se dedicar à sociedade.  Por ser um líder autêntico e discreto na sua comunidade, nem ele sabia quantos amigos tinha. Eram milhares. Falei para sua filha. O teu pai não se auto pertencia. É um ser tão especial que pertenceu ao mundo, à família, aos tantos amigos que semeou pelo mundo. Sempre esteve presente nos momentos difíceis dos outros. Sua despedida gerou uma comoção nunca vista. Sua filha Sabrina teve a idéia de criar um grupo de orações para interceder por ele, durante o período em que permaneceu no hospital e esse grupo que começou com vinte pessoas, foi aumentando, até atingir mais de setecentas.

Pessoas assim não vivem uma vida única, própria. Vivem diversas vidas. Fifo aprendeu com outras pessoas a fazer o bem, adquiriu ao longo da vida as qualidades adequadas a ser uma ser humano benévolo, bondoso.  Desse modo interagiu com o próximo e com sua comunidade, com múltiplas variáveis de solidariedade e compreensão. Quem o conhecia via nele a imagem explícita de uma pessoa de bom humor, dando e recebendo atenção e respeito. Era a expressão do bem. Soube vencer, subjugar, com galhardia, alguns problemas que a vida lhe impôs, oferecendo com isto mais um exemplo de superação. Assim agem os fortes. Olhando pela janela de sua vida podemos observar a sua realidade. Da nossa torre de observação vemos uma pessoa que nos ensinou que temos muito que aprender. Aprender a ser simples, humilde, trabalhador, solidário. Fifo nos mostrou que nascemos pouco importantes mas detentores de instrumentos suficientes para nos tornarmos importantes. Através das nossas ações, do nosso exemplo. Mostrou como uma pessoa, através de seus atos, pode se tornar muito mais do que uma insignificante figura neste formigueiro humano. Fifo enalteceu, dignificou, com sua postura, a forma com que cada um de nós, por pouco importante que sejamos, devemos nos comportar moralmente  nesta vida.

Há uns dois meses, eu e meu filho o visitamos em sua borracharia. Emocionado, ele nos convidou para jantarmos com sua família, no sítio que havia construído no interior de Jaguari. Ele queria comemorar seu aniversário com amigos. Não deu tempo. Chovia lá fora e ficamos conversando sobre tudo e nada, política, futebol, criação de gado, soja e outros assuntos dos quais nem me lembro mais. Mesmo em meio a muito serviço, Fifo teve tempo e educação para conversar conosco. Sempre com demonstrações de carinho e solidariedade. Esse era o carismático amigo que nos deixou. Lembro que li, não lembro onde, uma declaração de uma figura conhecida de Jaguari, o Conhaque.  Dizia ele: ___Como vai ser chegar na Borracharia Colpo agora?

Esse ser humano incrível não morreu. Silenciou. Demonstrou, em vida, a disposição de se um dia as circunstâncias assim o permitissem, doar os órgãos. Restou a família a decisão certa e cabível, o gesto sublime de amor, que precisa ser ensinado ao mundo.  Inúmeros receptores foram beneficiados. Mesmo após a morte, salvou outras vidas.

Uma referência especial às suas filhas, Sabrina e Samila. Demonstraram serem fortalezas impressionantes, equilibradas, corajosas. Mesmo em meio a tempestade, fragilizadas, abaladas, destruídas, serviram de porto seguro para a mãe e filhos. Exemplos de coragem. Genética boa! Na Capela Santa Juliana, Samila me disse:___Ainda não consigo acordar. Isto é um pesadelo. Mas precisamos ser fortes. Sabrina falou:___O brabo é a saudades. Esta sim, está me matando. Ás vezes dá vontade de sumir. Mas estavam ali, firmes como uma rocha. Eu diria: —Não desanimem. Vivam das boas memórias, dos exemplos que vosso pai deixou.  Sintam orgulho de serem filhas desse grande homem! Porque cada um de minha família sente orgulho de ter sido amigo dele.

Por Clóvis Medeiros

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