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Clóvis Medeiros: “O Diabo não é sábio porque é Diabo; o Diabo é sábio porque é velho!”

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Escrevo este texto num sábado, véspera do Dia Mundial do Idoso. 1º de Outubro. A homenagem foi instituída pela ONU, Organização Mundial das Nações Unidas. Foi num primeiro de Outubro do ano de 2003. Na oportunidade formulou-se o Estatuto da pessoa idosa, no Brasil, também. A legislação não é cumprida até hoje. Pouca coisa saiu do papel. Naturalmente que criaram-se imediatamente 27 Conselhos Estaduais e temos hoje 4.178 Conselhos Municipais do Idoso, empregando mais de 50.000 funcionários. O objetivo é nobre e muitos cumprem com a função. Representar os idosos junto á comunidade e ao Poder Público em busca de soluções compartilhadas. Lindo. Emocionante!

Vamos falar de idosos. Idoso, segundo o Estatuto é quem passa dos sessenta anos, até 74 anos. Depois disso até os noventa é velho. Mais de noventa está na faixa da velhice extrema. Nada louvável! Exceção é o Cid Moreira que disse hoje a um jornalista que queria chegar aos 150 anos para poder amar sua mulher todos os dias que lhe restassem. Não o invejo, até porque minha mulher estaria com 140 anos! Quero chegar aos 130 para poder amar a Nidiara, o Fernando, o Artur, a Célia, a Júlia…

A média de vida do brasileiro, segundo o IBGE, é de 75 anos. Para chegarem a essa média usam indexadores como morte violentas causadas pelo tráfico, suicídios, mortes no trânsito. Então penso que na realidade quem vive normalmente chega fácil aos noventa anos. Opa! Então podemos fazer planos, conquistar novos amizades. Temos mais passado que futuro mas vamos priorizar o futuro. Qualificar. Ouvi uma frase fantástica que dizia que as pessoas não chegam aos noventa anos porque perdem muito tempo insistindo em ficar nos quarenta anos. Aceite a realidade da perda do cabelo, das rugas, da miopia, da deficiência auditiva. Valorize o que tem ou teve de bom. Somos um baú de valores inimagináveis. Fontes de aprendizado, de experiências, de erros e de acertos. Oferecemos isso tudo de graça aos jovens que se dispuserem a nos ouvirem.  Lembro que quando era jovem sonhava, tinha projetos perfeitos, grandiosos, tinha sonhos, tinha esperanças. Hoje tenho a ousadia de falar sobre o que deu certo e o que não deu. Nos ouçam, falem conosco. Queremos ajudar.

Presenciei, quando prestava serviços na Emater, de fatos degradantes. Dava assistência em uma propriedade em que um senhor com mais de oitenta anos, dormia em um catre, no galpão. Sozinho. Era o chamado processo de Alienação Parental. A filosofia de que o velho é estorvo, é inutilidade, é algo que está sobrando na unidade familiar. Triste. Muito triste. Então conclamo aos Conselheiros municipais que observem a Legislação protetiva dos idosos. Desempenhem seu papel. Velho não é sinônimo de estorvo, dependência incapacidade. Merecem respeito e dignidade. Respeitem nossas imperfeições e nossas virtudes. A vida segue seus rumos e as gerações se sucedem. Um dia, se tiverem a mesma sorte, os jovens de hoje serão os idosos de amanhã.

E para nós, idosos, quando não houver mais nada, sobra o ruído do tempo, as lembranças, as saudades, as relações afetivas. Concorda, Dr. Daltry Cardoso Teixeira? Pelo que soube, agora o senhor tem tempo para se encontrar com a vida, desfrutar de tudo o que a Fazenda Coxilha Bonita lhe oferece. Dr Daltry, para algum jovem que não ouviu falar, vos digo: foi um icônico advogado criminalista, um expoente na sua área no RS. Mora em Santa Rosa. Hábil orador, com indiscutível talento, construía seu edifício de defesa dos réus que o contratavam. Construía argumentos jurídicos indefensáveis, assim gerou fama de advogado hábil até fora do Estado. Firme, impositivo, austero, competente. Hábil orador. Nunca foi submisso aos ditames temperamentais dos Juízes ou membros do Ministério Público. Todo o mundo queria ver essa figura icônica no Tribunal do Júri. Era um ator. Pessoas vinham de longe assistir Dr. Daltry em ação. Não tive a honra de ouvi-lo em ação mas o reconheço como uma lenda! Hoje, com 86 anos acaba de ser homenageado pela seccional da OAB do Brasil. Uma lenda. Mais sábio que o Diabo. Um exemplo de idoso que detém um cabedal de sabedoria armazenada. Autor de uma autobiografia, O Domador de Sonhos, vive hoje entre a morada da cidade e a Coxilha Bonita, a qual insiste em não chamar de “fazenda”, devido a mais um gesto de humildade. Velho? Não. Um ser humano com muita experiência. Um sábio. Uma lenda!

Ah! O Diabo é sábio porque é velho. O Diabo não é sábio por ser Diabo!

Clóvis Medeiros

 

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