Em entrevista concedida ao Jornal da República Última Hora, durante a 26ª Marcha dos Prefeitos em Brasília, o prefeito de Porto Maua, Manico Dinon, de Porto Mauá, destacou a importância do evento para a articulação de demandas municipais, especialmente para as cidades gaúchas que enfrentam os efeitos da enchente e, agora, da estiagem.
“Estou prefeito pela terceira vez. Comecei desde as primeiras [marchas] a participar. Ela era bem pequena e foi criando um corpo enorme. Por quê? Porque as demandas que nós temos em nossos municípios, nós trouxemos para cá, e muitas delas são resolvidas aqui”, explicou o gestor, ressaltando que este é o “fórum adequado” para buscar atender os anseios da comunidade.
Manico enfatizou a importância da formalização dos pleitos: “De nada adianta nós sair gritando aos quatro ventos que nós precisamos disso ou daquilo, se não oficializa. E aqui é o momento de formalizar nossos pleitos para que possam ser atendidos. Não adianta ficar lá no interior do Rio Grande do Sul, no interior de Minas, sozinho. Aqui os prefeitos têm voz e têm vez.”
O prefeito mencionou a reunião agendada com a bancada gaúcha no Congresso Nacional, destacando a situação crítica de seu município: “Hoje, inclusive, nós estamos em situação de emergência pela estiagem que se abateu. É um município estritamente agrícola, dependemos exclusivamente da soja, do milho, do trigo, do leite, do suíno.”
Ele também citou o setor de turismo, que foi severamente afetado pelas enchentes do ano passado. “Nós temos vivido um momento muito intenso e de muita preocupação, porque nosso agricultor descapitalizou. Hoje está tendo muitas dificuldades para honrar seus compromissos, inclusive fazendo com que novos investimentos, novos financiamentos não consigam ser empreendidos em função de atrasos que tem com o banco”, relatou.
Manico fez um apelo por mais atenção do governo federal ao Rio Grande do Sul, destacando a contribuição histórica e econômica do estado para o país: “O Rio Grande do Sul, um estado que tanto contribuiu para a história do Brasil e para o fomento do Brasil ao mundo… Eu acho que é o momento do governo federal também olhar com uma atenção mais dedicada, mais voltada.”
O prefeito apresentou dados sobre a disparidade entre a contribuição fiscal do estado e o retorno recebido: “O Rio Grande do Sul hoje participa no bolo tributário com mais de 20% do orçamento, e hoje isso retorna 8-9%. Então, na verdade, nós ainda temos um crédito, e talvez esse seja o momento mais oportuno para o governo federal dar a importância devida que nosso estado merece.”
Na mensagem final, Manico transmitiu esperança aos colegas prefeitos: “Nós viemos uma caravana muito grande, muito intensa lá do sul, exatamente para buscar essas demandas que nós precisamos. Nós não podemos perder a esperança. Nós somos prefeitos hoje, temos um compromisso muito grande, e nossa comunidade precisa ser amparada.”
Ele concluiu com um chamado à ação: “A mensagem que eu deixo é: prefeitos, vamos lutar, vamos insistir, vamos buscar as demandas, que o nosso povo é esperançoso, acredita em nós, e nós é que temos esse poder, eu diria, para trazer essa contemplação das necessidades que nós temos.”
A participação de Manico na Marcha dos Prefeitos reflete a realidade de muitos municípios gaúchos que, após enfrentarem uma das piores enchentes da história do estado, agora lidam com a estiagem, evidenciando os desafios climáticos extremos que têm afetado o Rio Grande do Sul e a necessidade de apoio federal para a recuperação econômica da região.