Este ano, os gaúchos estão ficando mais gripados do que em 2021. Mesmo que a maioria dos casos de síndrome respiratória estejam associados ao SARS-CoV-2, ou Coronavírus, no Rio Grande do Sul é possível observar bem a presença de casos de Influenza A (gripe) H3N2 em todas as faixas etárias, segundo dados do InfoGripe da Fiocruz.
Conforme o último boletim InfoGripe, publicado no dia 11/07, houve tendência de crescimento no número de novos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) nas últimas seis semanas. “Na pandemia, nós vimos uma redução importante de várias infecções respiratórias, por causa das precauções como o distanciamento social e o uso de máscara. Então, ao reduzir essas medidas, é natural que venha a aumentar”, explica o chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Basso Gazzana, que associa a queda da obrigatoriedade do uso máscara ao aumento dos casos de SRAG.
Se observa ainda, no Estado, a tendência de retomada do crescimento dos casos em crianças, na análise de curto prazo (últimas três semanas), contrastando com o sinal de platô nos adultos, indicando que o cenário ainda é instável e exige cautela. Gazzana esclarece que, nos pequenos, o uso da máscara pode as ter deixado mais sensíveis aos vírus. “As crianças foram menos expostas, em uma fase que o sistema imunológico delas ainda está se formando. Pessoas que tem menos contato produzem menos anticorpos e acabam tendo menos formas de combater os vírus, já que não tiveram contato prévio.”
O médico, ainda assim, reforça que o motivo principal do aumento de casos de gripe se deve a volta da contaminação, pelo menor uso de medidas preventivas. “Se mantivéssemos a mesma tenacidade que durante a pandemia, as infecções seriam muito menores”, pontua. Além disso, o vírus da gripe se desdobra em novos sorotipos todos os anos. “Todos anos é preciso fazer a vacina, que é reformulada para isso.”
O aumento de casos de SRAG no Brasil está associado ao coronavírus, apenas no Rio Grande do Sul se observou aumento significativo também nos casos positivos para Influenza (gripe) H3N2, embora em volume significativamente inferior àquele associado à Covid-19. O rigor do inverno gaúcho pode ser a razão deste aumento perante os outros Estados. “No frio, as pessoas tendem a se aglomerar mais, em ambientes quentes. Isso explica por que há mais casos aqui do que no Nordeste”, diz Gazzana. “Dentro do inverno, no nosso Estado, a gente sabe que há uma ocorrência maior de infecções respiratórias. Não me parece que está excessivo, mas vai voltar a acontecer. Todos os anos temos pacientes com Influenza, e Influenza grave, quando o paciente vem a falecer, infelizmente”.
Atualmente, de acordo com o painel de monitoramento de leitos hospitalares do governo do RS, há 273 pessoas, entre adultos e crianças, internados em hospitais privados e no SUS com suspeita de Covid-19 ou com outra SRAG, sendo que 42 adultos e oito crianças estão na UTI. Em comparação, há 711 pessoas internadas com Covid-19 confirmado, sendo 138 na UTI.
O chefe de pneumologia reforça a importância do uso da máscara e outras barreiras protetivas, como o distanciamento social e o uso do álcool em gel, principalmente para pessoas que apresentem sintomas de infecção respiratória, seja Covid-19 ou gripe. “Se for sair de casa, a pessoa que está tossindo deve ficar de máscara, se distanciar das outras pessoas e usar bastante álcool gel. Isso é o mínimo esperado. Quem está com sintomas de SRAG deve proteger aos outros”, finaliza.
Fonte: Correio Do Povo