Um conflito na noite de quinta-feira (21) deixou pelo menos cinco indígenas feridos nas aldeias situadas entre Redentora e Tenente Portela, no noroeste do Estado. Um dos baleados é o cacique da maior reserva caingangue do Rio Grande do Sul, Carlinhos Alfaiate, que chefia a Terra Indígena da Guarita.
A área está situada entre os municípios de Tenente Portela, Miraguaí e Redentora, próximo à fronteira com a Argentina. Mais de 8 mil caingangues vivem no local, além de algumas centenas de guaranis.
Conforme investigações da Polícia Federal, o confronto opõe o atual cacique caingangue e um grupo que contesta sua liderança, encabeçado por outro chefe, Joel Ribeiro de Freitas.
O confronto ao anoitecer de quinta-feira aconteceu numa área em Redentora controlada por Carlinhos Alfaiate. Ele próprio foi baleado nas nádegas, mas não corre risco de vida. Foi atendido no Hospital Santo Antônio, em Tenente Portela, assim como os demais feridos, que também estão fora de perigo.
A Brigada Militar foi chamada para impedir que indígenas forçassem a entrada no hospital, à noite, atrás dos rivais. Os policiais fizeram barreiras, mas, mesmo assim, um caingangue foi esfaqueado, do lado de fora da casa de saúde. Foram feitas buscas por armas na região, sem sucesso.
Alfaiate chefia a Guarita desde fevereiro de 2018, quando substituiu Valdonês Joaquim, cacique que foi preso e condenado por envolvimento em assaltos a banco. Desde então os conflitos se sucedem na reserva. Alfaiate já sofreu um atentado com tiros de fuzil em 2019, quando também incendiaram a residência dele.
A disputa pelo poder na Guarita envolve influência sobre cerca de mil postos de trabalho na área indígena. É que servidores públicos e privados têm de contar com a boa vontade do cacique para atuar na reserva. Além disso, há rivalidade no arrendamento de terras para plantio, uma atividade ilegal, mas disseminada nas reservas caingangues.
Além de sofrer oposição do grupo de Joaquim, Alfaiate também já teve como rivais seu vice-cacique, Vanderlei Ribeiro, e um parente deste, Joel Ribeiro de Freitas, que contesta a legitimidade de Alfaiate para comandar a terra indígena até o final de 2022 (como ele se propõe).
FONTE: GZH